O U.S. Open deste ano acabou no último domingo nos brindando com algumas novidades. Ao faturar o Grand Slam americano com apenas 19 anos, Carlos Alcaraz não apenas abiscoitou seu primeiro major; o fez assumindo a liderança no ranking da ATP e se tornando o jogador mais jovem a atingir tal posto.
No dia seguinte à final no Arthur Ashe, Gerald Marzorati publicou um ótimo artigo acerca do novo prodígio das raquetes no site da New Yorker. Num texto dedicado a desvendar o que o adolescente espanhol possui de mais único, a velocidade apareceu detectada como sua principal valência – entendamos a rapidez na modalidade em tela qual predicado que transcende a mera potência para percorrer distâncias em pouco tempo; pensemos em incontáveis nuances manifestadas por meio de um engenhoso e detalhado labor das pernas. Mas são tantas as qualidades deste atleta que…
Noves fora os atributos técnicos de Alcaraz, chama atenção sua maturidade, sua força mental para não tremer nas mais adversas situações, advindas num dos palcos mais intimidadores do esporte, diante de adversários tão qualificados quanto mais experientes. Isso ficava claro a cada etapa da sua epopeia, edificada com obstáculos peculiares. Exemplo: entre os elementos do jogo do novo número um do mundo que precisam de melhor desenvolvimento, está o saque. Não por acaso, Alcaraz alcançou a glória maior com um número abissal e completamente fora da curva de serviços perdidos ao longo do certame – claro, tendo-se em mente o patamar de alguém que foi se mantendo vivo em todas as rodadas. Quando tudo parecia irreversível, contudo, não é que o atrevido tenista ia lá e, quase sempre de cara, quebrava o oponente de volta? Nesta capacidade de não murchar ao se deparar com fortes contratempos toda hora, nos notamos na presença de uma confiança das mais elevadas.
A forma de o espanhol abocanhar pontos contra a parede também exalava altivez. Sua aptidão na rede – e olha que não estamos tratando de um típico adepto do estilo saque e voleio – para chegar aos winners mesmo à beira do precipício e com toques extremamente sutis, em que a precisão da munheca há de se provar meticulosamente perfeita, requer não somente talento: a frieza necessária para sair do buraco com golpes tão milimétricos…
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