Blog do Cadu Doné

Deu a lógica: Galo, merecidamente, campeão. E que se afunde o sommelier de títulos 

  • por em 2 de abril de 2022

Massa alvinegra celebra tricampeonato no Mineirão; Imagem de divulgação (Pedro Souza, Flicker, Atlético)

A lógica cartesiana tem, no futebol, um dos seus maiores inimigos. Nada se afasta tanto da previsibilidade. Talvez, por isso, as epidêmicas casas de aposta – que patrocinam, aliás, quase todos os clubes. Mesmo dentro do atípico, do competitivo universo dos esportes, nossa modalidade preferida carrega um charme superior quando falamos do que foge do óbvio.

Neste sábado, no Mineirão, nada disso aconteceu. O Galo, um dos três melhores elencos do Brasil, derrotou com segurança seu maior rival – que segue ensebado com os frutos da “Era Itair”, e colhendo a intransponível, a metafísica, a incalculável distância com que padece tentando encontrar esguelhas de um alvo grande demais, rápido demais.

Não que o jogo tenha sido “samba de uma nota só” desde o início. Em algum grau, nos deparamos com longas zonas de equilíbrio. A performance do Cruzeiro foi digna. Os comandados de Pezzolano podem sair, também, com peito erguido, com certa altivez. Não foi demérito azul. Hoje, e há muitos anos, os alvinegros são melhores. Simples assim. Para a taça trocar de mãos em curto prazo, as capivaras vão ter de ceder espaço para as zebras na Pampulha.

E para o sommelier de títulos – uma espécie de primo-pobre dos enochatos: sem comportamento blasé. Mesmo no melhor momento da sua história; mesmo olhando o rival bem de cima, o Galo tem o direito e deve comemorar. Quem não conhece a história, as circunstâncias, o intangível, a beleza impalpável do futebol… Que vá fazer outra coisa!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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