Jogos como o do Manchester City no último domingo, rodadas decisivas como a Premier League vem colecionando nesta sua fase áurea, são fundamentais para renovar nosso ardor pelo futebol. Mais do que isso: contribuem para formar e manter uma base de fãs para o “beautiful game” que não se limita à paixão clubística.
Para quem torce para os citizens ou para o Liverpool, o envolvimento diretamente interessado derrubou, elevou, fez rir, chorar de emoção ou tristeza; para os que ali estavam por um fruir distanciado, se o espetáculo não se prova com enorme frequência tão pródigo para nos arrebatar, principalmente levando-se em conta o excesso de ofertas que brigam, na atualidade, para amainar nossa crônica tendência ao tédio, torna-se quase impossível segurar milhões de indivíduos em seus sofás sintonizados exatamente naquilo.
Os clubes brasileiros, que já deveriam ter criado uma Liga nacional para antes de ontem, mantêm, em larga maioria, obtusidade que direciona os movimentos sempre em função de um tacanho egoísmo, do raso e imediatista populismo que busca o aplauso da horda de asnos fanáticos que se digladiam nas redes sociais. Não se trata de ser bonzinho; para expandir para outras fronteiras, e sanarmos problemas que normalmente empurramos para debaixo do sofá nas nossas, revela-se sim necessária uma visão mais ampla e que não se atém ao olhar para o próprio umbigo.
E não: não escorreguemos para uma idealização que recai para o complexo de vira-lata; no Campeonato Inglês, e na Liga dos Campeões – os dois certames que nos oferecem quantidade realmente elevada de roteiros tão qualificados quanto inacreditáveis –, personagens centrais são anabolizados por quantias pornográficas oriundas de origens ainda mais vulgarizadas – o que ameaça a vigorar no Brasil com mais assiduidade em breve (e sabemos que aqui, em outros formatos, o obsceno, o devasso moralmente sempre dominou nos bastidores do esporte bretão). O ponto não é esquecer estes problemas gravíssimos; passa meramente por reconhecer que advogar por competições pensando minimamente no elementar, no óbvio, isto é, na percepção de que não se joga sozinho, lá na frente – e nem falo de um futuro distante –, proporciona a colheita de melhores resultados também para si mesmo.
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