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A sofisticação de Coudet

Não escrevo esta coluna, obviamente, somente pelos dois jogos de Eduardo Coudet no Galo. A amostragem é mínima. Mas, de certa forma, já vale como um cartão de visitas importante.

Em um país no qual vivemos, nos últimos anos, quase uma ditadura do 4-2-3-1 e do 4-1-4-1/4-3-3, já salta aos olhos um treinador que gosta e costuma executar com esmero o 4-1-3-2. Este esquema fruiu no nosso futebol com brilhantismo no Flamengo de Jorge Jesus. Outros exemplos dele, todavia, rareiam por aqui.

A maneira de materialização dos sistemas, com numerações qual as citadas que muita gente não aprecia, mostra-se bem mais relevante do que estas últimas. O comandante alvinegro deve dar trabalho, no melhor dos sentidos, para torcedores e principalmente jornalistas esportivos detectarem uma formação exata da equipe alvinegra. Afinal, a despeito da sua predileção ao longo da carreira pelo 4-1-3-2, o técnico em tela não necessariamente se prende a este, e, mais notoriamente, aplica, sugere aos seus atletas incessante e interessante movimentação durante as partidas, de modo a tornar seu conjunto menos previsível, pouco estático, com chances superiores de confundir os oponentes. Justamente pelas trocas, pela efervescência, pela mobilidade dos escretes do personagem de hoje, fica mais complicado identificar o esquema que desfila em campo.

Além das nuances esmiuçadas, Coudet pensa fora da caixa em determinados momentos na escolha da posição dos seus atletas. Nesta seara, o cotejo contra o Tombense serve como exemplo. Tudo bem que Edenílson não rendeu na lateral direita. Entretanto, de modo geral, me agrada a característica de entender os atributos de cada peça e, eventualmente ou constantemente, utilizá-las longe de suas funções usuais. E considero que, pela qualidade de Coudet, apesar da eleição negativa mencionada, muitos acertos dentro da ideia, da essência descrita, podem acontecer. Nas substituições, o treinador do Atlético também sabe fugir do trivial. No último domingo, soltou o time para buscar a vitória colocando um atacante – Ademir – na vaga de um zagueiro – Jemerson –. Até aí, tudo bem. O diferencial, porém, deu as caras quando Dodô, um lateral esquerdo em tese sem qualquer cacoete de zagueiro, virou parceiro de Nathan Silva no centro da retaguarda. Funcionou.

Cadu Doné

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