Após a vitória do Coelho no clássico, debatendo com amigos, ouvi de muitos (entre eles, jornalistas esportivos, o que claramente depõe contra tais malfadados cidadãos) algo na linha: “o trabalho de ‘El Turco’ não está no nível do apresentado por Cuca na temporada passada”. Precisamos nos atentar para as pegadinhas infiltradas nestas proposições.
Lembrando para quem tem a sorte de não acompanhar meu trabalho: eis aqui um convicto admirador do talento de Cuca como treinador. Dito isso, voltemos ao gringo que atualmente chefia o Galo.
Comparar o estágio atual da trajetória de “El Turco” com todo o conjunto da obra que Cuca deixou no alvinegro no ano passado é deslize grave e/ou desonestidade intelectual. Consideremos alguma margem de erro, algumas semanas para cá, outras para lá: Cuca era apedrejado no primeiro semestre de 2021, equilibrava-se numa linha tênue e na sua couraça de experiência quando, por exemplo, perdia para o Cruzeiro na fase de classificação do Mineiro – ou mesmo quando o conquistava com dois empates insípidos diante do América, tendo Igor Rabello como um dos esteios (talvez “O” destaque) dos 180 minutos da decisão (o que denota, entre outras coisas, a volatilidade das narrativas no nosso futebol e como simplesmente anulamos elementos fundamentais da história arbitrariamente). Portanto, iniciemos com o óbvio: é cedo para tirar conclusões sobre o argentino que também abocanhou o estadual com o Atlético este ano, e a própria comparação com a fase mágica de Cuca pode servir de subsídio para esta constatação.
Agora, uma sutileza menos escancarada: apontar de modo excessivamente determinista o “padrão Cuca” como referência obrigatória, em geral, nos aproximará a passos largos da injustiça. Dizendo de outra maneira: resultado e desempenho do comandante atual não precisam passar perto daqueles apresentados por Cuca para serem dignos de aplausos. A métrica, ainda que o Galo siga com elenco espetacular, não há de ser essencialmente esta. E mais: o desempenho pode ser pior e o resultado melhor – ou o contrário. Num exemplo que nitidamente NÃO É PARA SER LEVADO AO PÉ DA LETRA, sobretudo por envolver o único gênio de toda esta conversa: Jupp Heynckes faturou a tríplice coroa pelo Bayern e fora substituído por Guardiola; este, por sua vez, levou a Bundesliga em todas as temporadas nas quais esteve na Baviera, mas por não ter conquistado a Champions, para muitos, não logrou êxito como o veterano que o precedeu – quando, no fundo, não por demérito do excepcional antecessor, e sim por sua genialidade única, revolucionou o poderoso clube alemão num nível quase sem paralelos na história do próprio.
Enfim… Seguiremos dialogando por aqui sobre o técnico do Galo em posts vindouros. Ah… O América, para sua realidade, fez um bom jogo, e a vitória que conquistou no clássico não mostrou-se nenhum disparate, ainda que, na ponta do lápis, o Atlético tenha tido mais chances de gol (isso não há de ser adotado qual referência absoluta, de forma cartesiana, sem levarmos em conta, por exemplo, o nível de exigência que precisamos ter com cada uma das equipes).
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