Blog do Cadu Doné

Reflexões sobre Galo e Palmeiras

  • por em 4 de agosto de 2022

A torcida do Galo recebeu o time em campo com festa bonita e meticulosamente orquestrada; sintonia total das partes para compor o todo com maestria num belíssimo mosaico, completado delicada e intensamente com belo espetáculo de fogos (Foto: Bruno Souza/Atlético)

Em outros momentos, a ideia de tirar Nacho do time titular poderia soar um sacrilégio. Hoje não mais. Seria uma injustiça tremenda, um equívoco atroz apontar o dedo para Cuca o condenando por ter iniciado a partida da quarta com o argentino no banco. Outrora um meio-campista que trabalha de área a área com a consistência, a regularidade, e a eletricidade do decantado jogador moderno, sem perder o gosto pelos constantes rompantes de brilho para decidir como um “10” clássico, o ex-atleta do River, peculiar por unir o melhor dos dois mundos – capacidade para operar qual uma maquininha, e talento para o singular –, ultimamente, andava padecendo em ambos. Não se trata de decretar qualquer insucesso e de sentenciar, peremptoriamente, que seu destino é permanecer na reserva. Simplesmente temos de sublinhar, até para não pecarmos por um disparate com o treinador, que os gols e assistências desta excelente peça vinham rareando – e que, em termos de intensidade, sua engrenagem parecia travada.

Com Nacho fora, Cuca manteve o 4-2-3-1 e – tendo enquanto parâmetro seu Atlético ideal da temporada anterior – deslocou Zaracho para o centro. A linha de três armadores foi completada por Ademir na direita e Keno na esquerda. Neste desenho, o primeiro tempo desenrolou-se sublime. O Galo empilhou chances claras desperdiçadas. O Palmeiras sofria sufocado. O perde e pressiona com linhas bem altas executado pelos mandantes mal permitia aos paulistas a chance de concatenar passes simples entre os defensores. Veio a segunda etapa e, no começo, a escrita manteve-se intacta. Mas depois…

De repente, com a altivez de quem está calejado, acostumadíssimo a sair da pior para triunfar exultante, o Verdão, aos poucos, entrou no jogo exalando uma das marcas indeléveis da era Abel Ferreira: a intransponível força mental, a inquebrantável confiança. Mais do que isso; o empate chegou com outras duas especialidades da versão 2.0 da Academia: eficiência surreal nas bolas paradas, e a fase iluminada de Gustavo Scarpa (estes dois traços se misturam, se confundem, já que um dos principais atributos da atual estrela da companhia se materializa nas venenosas cobranças de faltas e escanteios).

Tudo em aberto para a segunda perna do duelo. Ligeira vantagem alviverde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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